UX Collective 🇧🇷 - Medium 前天 17:14
A arquitetura da emoção: como o design nos programa para sentir
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本文深入探讨了电影艺术中“情感架构”的演变,从雅克·德米的《瑟堡的雨伞》和斯派克·李的《为所应为》等电影中对色彩、声音和构图的精妙运用,揭示了艺术家如何通过“人造”来触动观众的情感。作者将这种对情感的精准把控,比作一种“感官的分享”,它在艺术中用于创造沉浸式体验,但在数字时代,这种逻辑被转化为社交媒体和应用程序中的“暗黑模式”,利用用户的喜怒哀乐来驱动参与和盈利。文章指出,从艺术化的情感表达,到数字平台对用户情感的量化和操纵,我们正面临着一个“算法图像”的时代,它不仅展示信息,更通过预判和适应来维持用户的参与度。作者强调,理解这种演变是抵制被动控制的关键,并呼吁从个人意识转向集体行动,以争取对塑造我们现实的数字基础设施的控制权。

🎥 **电影艺术中的情感架构:** 文章以雅克·德米和斯派克·李的电影为例,阐释了电影如何通过精确的色彩运用、构图和声音设计来构建“情感架构”,从而引导观众的感受。例如,《瑟堡的雨伞》运用柔和的粉彩来传达忧郁,《为所应为》则使用鲜艳的色彩和荷兰倾斜镜头来营造压迫感和紧张感,这些都是艺术家精心设计的“人造”体验,旨在引发纯粹的情感共鸣,而非模仿现实。

📱 **从艺术到数字:情感逻辑的转移:** 作者指出,电影艺术中用于创造沉浸式体验的情感逻辑,已悄然转移到我们日常使用的数字平台中。从社交媒体的“点赞”动画到应用程序的滑动反馈,这些微交互都借鉴了电影设计,旨在影响用户行为。然而,在数字领域,这种情感表达的目的是从艺术的“目的”转变为商业的“诱饵”,将原本用于艺术宣泄的工具,转化为驱动用户参与和盈利的机制。

⚠️ **“暗黑模式”与情感操纵:** 文章深入剖析了“暗黑模式”(dark patterns)——一种故意诱导用户做出非自主选择的设计。例如,利用用户的负罪感(confirmshaming)或故意增加取消流程的复杂度,来达到商业目的。这种工业化的情感设计,将艺术中对观众的“邀请”变成了对用户的“要求”,使得用户在不知不觉中被引导做出平台期望的行为,从而实现了对用户情感的量化和操纵。

🤖 **算法图像与“情绪工业化”:** 文章进一步探讨了人工智能在情感操纵中的角色,特别是“情感计算”的发展,能够读取和模拟人类情绪。这导致了“算法图像”的出现,它不仅仅呈现信息,更能通过分析用户行为来预测并适应,以最大化用户参与度。作者将其比作“情绪的工业化”,即情感本身变得可复制、标准化并进行大规模优化,失去了其原有的“此时此刻”的独特性,可能导致系统性地生成负面情绪以驱动平台盈利。

✊ **抵制与集体行动:** 作者强调,面对这种无处不在的“人造”和潜在的操纵,逃避并非解决之道,关键在于选择一种“有意识的”人造。这需要我们培养“审美素养”,理解并识别这些设计背后的逻辑。然而,个人力量有限,对抗由工程师团队设计的成瘾性系统需要集体行动,包括提高透明度、推动监管,以及最终掌握对塑造我们现实的数字基础设施的控制权。个体意识是起点,集体行动才是目标。

O diálogo secreto entre Jacques Demy, Spike Lee e o design do seu feed.

À esquerda, Catherine Deneuve em Os Guarda-Chuvas do Amor (Jacques Demy, 1964). À direita, Bill Nunn como Radio Raheem em Faça a Coisa Certa (Spike Lee, 1989).

A faísca veio de um vídeo da Criterion Collection. Nele, Malcolm Washington — diretor de The Piano Lesson e filho de Denzel — compartilhava o que mais ama no cinema: o diálogo silencioso entre artistas através do tempo. E então ele lançou a ideia que me capturou: “Quando você vê Os Guarda-Chuvas do Amor e depois Faça a Coisa Certa”, disse ele, “você está vendo artistas em diálogo”.

Fiquei obcecado. Que conversa seria essa?

De um lado, um musical francês de 1964, uma sinfonia de tons pastel. Do outro, uma bomba-relógio cromática de 1989, um dia febril no Brooklyn. Um é um refúgio; o outro, uma arma.

A chave para entender esse diálogo, percebi, não estava no quê, mas no como. O que une Demy e Lee é a maestria de uma gramática do artifício: um controle estético absoluto que rejeita o realismo para alcançar um impacto emocional puro. Eles constroem mundos herméticos, caixinhas de música visuais onde cada cor, som e ângulo são notas de uma partitura invisível, composta para nos fazer sentir.

E foi aí que a ficha realmente caiu. Essa mesma filosofia, essa arquitetura da emoção, não ficou confinada à tela.

Ela escapou. Foi traduzida para código. Automatizada.

Hoje, sua lógica opera silenciosamente no meu e no seu bolso, orquestrando não uma história de duas horas, mas nossa atenção e emoções, 24 horas por dia. Este ensaio é minha tentativa de rastrear essa gramática: de sua origem na arte à sua encarnação como o motor das plataformas que usamos. É a história de como uma forma de arte se tornou uma arquitetura de controle.

E de como entendê-la, talvez, seja nossa única chance de resistir.

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Movimento I: a engenharia da emoção em celuloide

Antes de qualquer algoritmo, os cineastas já eram os arquitetos da experiência do usuário. Para tatear a raiz do nosso presente digital, foi preciso voltar aos mestres que primeiro aprenderam a programar nossos corações com luz e cor.

1.1. Demy e a alquimia da melancolia

Ver Os Guarda-Chuvas do Amor é ser submerso num ecossistema emocional totalmente controlado. Demy aplicou uma rigorosa teoria das cores para transformar Cherbourg numa partitura visual. Em contraste com o mundo predominantemente azul, branco e cinza da oficina onde Guy trabalha — um espaço da realidade operária — , a loja de guarda-chuvas de Geneviève e sua mãe é um universo de tons pastel e oníricos. A cor rege a jornada da protagonista: do rosa juvenil do primeiro amor ao preto de uma vida adulta que lamenta o que se perdeu.

Sua escolha mais radical, no entanto, é o diálogo inteiramente cantado. Não é um musical com canções que interrompem a história; a própria história é uma canção. Ao fazer isso, Demy nos tranca dentro do seu artifício. O propósito ficou claro: sua arte é um ato de preservação. Ele conta uma história de partir o coração, mas a encapsula numa beleza tão avassaladora que a dor se torna suportável. A estética filtra o trauma. Transforma-o em melancolia.

O mundo de Demy é um espaço seguro para sentir emoções difíceis.

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1.2. Lee e a fúria cromática

Se Demy construiu um refúgio, Spike Lee forjou uma arma. Ele pegou os mesmos princípios e os virou do avesso. Faça a Coisa Certa usa o artifício não para nos proteger da realidade, mas para nos forçar a encará-la.

Sua estética é pura opressão. Sua aplicação da teoria das cores cria uma paleta agressiva de vermelhos e laranjas que nos faz sentir o calor sufocante. Não há respiro. Quase não há o azul do céu. A câmera usa os famosos ângulos holandeses para nos desorientar, mostrando visualmente que o mundo está fora de eixo. O som de “Fight the Power” não é fundo musical; é um personagem, a voz da resistência. A tensão explode quando, durante a contínua confrontação sobre a ausência de artistas negros na “Parede da Fama” da pizzaria, Sal esmaga a boombox de Radio Raheem com um taco de beisebol.

Aqui, a tese do filósofo Jacques Rancière se torna palpável. Para ele, a política e a arte compartilham o mesmo campo de batalha: a “partilha do sensível”, a forma como uma sociedade define o que pode ser visto, ouvido e dito. Demy usou seu poder estético para criar um refúgio. Lee, para forjar uma arma. Um nos deu um espaço para sentir; o outro, uma razão para agir. Ambos, à sua maneira, fizeram política ao redesenhar nossa experiência sensorial.

O uso do “ângulo holandês” em Faça a Coisa Certa (Spike Lee, 1989) para criar uma sensação de desequilíbrio e tensão.

Movimento II: do convite à manipulação

Por muito tempo, essa gramática pareceu pertencer apenas ao cinema. Aos poucos, sua lógica começou a ecoar em outros lugares, principalmente nas telas dos celulares. A linguagem do cinema não morreu, ela foi traduzida.

2.1. A gramática do cinema no seu bolso

A teoria do design emocional de Don Norman descreve exatamente o que Demy e Lee faziam:

    Visceral: A beleza de Demy ou a agressividade de Lee. Hoje, é a calma do azul suave do app Headspace contra o pop-up irritante de urgência na notificação do WhatsApp.Comportamental: A fluidez funcional do mundo cantado de Demy. Hoje, é a satisfação do swipe no Tinder — e o leve swoosh sonoro que o acompanha.Reflexivo: A melancolia de um ou a raiva do outro. Hoje, é a história que contamos a nós mesmos sobre nossa identidade digital depois de uma hora na enxurrada de stories do Instagram.

As microinterações de um “like” animado, as barras de progresso do LinkedIn, o som de um “match”… tudo é a gramática do cinema aplicada para moldar nosso comportamento.

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2.2. A lógica dos “dark patterns”

Mas é aqui que o espelho se parte. É aqui que a gramática que na arte servia à catarse é reescrita para servir ao capital.

No cinema, a emoção era o destino. Na tela do seu celular, ela é a isca.

Essa mudança abre a porta para os “dark patterns” — padrões de design manipulativos, criados para induzir decisões sem consciência plena. Pense no “Confirmshaming”, que usa a culpa para forçar uma escolha com um texto como: “Não, não quero o desconto anual. Prefiro pagar mais caro todo mês”. Ou no loop de confirmações que transforma o cancelamento de um streaming numa maratona de cliques, testando sua paciência até a desistência.

A gramática da emoção, antes usada para a arte, foi industrializada para o lucro. O espectador era convidado a sentir; o usuário é solicitado a fazer.

Quantas vezes você já se sentiu sutilmente encurralado por uma interface?

Um exemplo clássico de “dark pattern”: a tela de assinatura da Amazon, onde a opção de recusar a oferta é propositalmente ofuscada pelo design.

Movimento III: a industrialização da alma

A tradução manual desses princípios era só o começo. O passo seguinte foi a automação em escala industrial.

3.1. A máquina que lê emoções

Nessa jornada, a gente se depara com a Computação Afetiva, um campo da IA que é a evolução final desse projeto: máquinas que aprendem a ler e simular nossas emoções. Elas analisam nossas expressões faciais, nosso tom de voz, nossos sinais vitais. Nossa vida interior deixa de ser privada; a tecnologia aprende a ler nossas emoções antes mesmo que nós as processemos conscientemente.

Para Walter Benjamin, o que definia a singularidade da obra de arte era sua “aura”, sua existência única no tempo e no espaço. Em suas palavras, seu “hic et nunc” (aqui e agora). O que ele não previu foi a criação de uma “aura do algoritmo”, onde a própria emoção se torna reprodutível, padronizada e otimizada em massa, perdendo seu aqui e agora.

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3.2. A máquina que gera ressentimento

E é aqui que o mecanismo das redes sociais se torna mais claro. Ele usa as estratégias de Demy e Lee ao mesmo tempo, com um único objetivo: maximizar o engajamento. Percebo isso na minha própria rolagem: o feed do Twitter (ou o nome que o imbecil do dono der, X) me entrega uma sequência de vídeos de gatinhos fofos (a bolha de Demy) e, logo em seguida, me joga numa thread de discussões estúpidas, com comentários cheios de ódio que me fisgam pela indignação (a tempestade de Lee).

De um lado, o sistema nos oferece a Bolha de Demy: um feed confortável que reforça o que já acreditamos, criando uma sensação de harmonia. De outro, ele lucra com a Tempestade de Lee: o algoritmo descobriu que raiva e indignação geram mais cliques e comentários. O conflito é rentável.

O sistema não otimiza para o nosso bem-estar, mas para o lucro da plataforma. Nessa equação, nós não somos os clientes. Somos os instrumentos.

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Coda: escrever contra a máquina

Chegar ao fim desta jornada me deixou com uma conclusão desconfortável: o artifício é inescapável. A questão não é como fugir dele, mas que tipo de artifício escolheremos habitar.

A verdadeira lição aqui é que as ferramentas da manipulação também podem ser as ferramentas do despertar. A resposta a um artifício que nos controla não é a ausência de artifício. É um artifício consciente.

Para navegar nesta era, precisamos de uma literacia estética. E para isso, o filósofo Gilles Deleuze nos oferece um mapa. Ele não via o cinema apenas como entretenimento, mas como uma nova “forma de pensamento”. Ele dividiu sua história em duas grandes fases:

Hoje somos bombardeados por uma terceira forma: a imagem-algoritmo. Uma imagem que não apenas nos mostra algo, mas que já nos leu, previu nossa reação e se adaptou para nos manter engajados. Ela não nos convida a pensar; ela pensa por nós.

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A escolha é nossa, a luta é coletiva

Exercitar essa literacia com perguntas críticas é o primeiro passo fundamental. Mas será que conseguimos, sozinhos, controlar nossas ações em sistemas projetados por exércitos de engenheiros para serem viciantes? A resposta honesta é, provavelmente, não.

Colocar todo o peso da resistência no indivíduo é uma armadilha. A “escolha” de ser um arquiteto consciente de nossas vidas não acontece num vácuo. Ela é profundamente limitada pela arquitetura que nos é imposta.

Portanto, a verdadeira luta contra o poder dos sistemas opacos não é apenas individual, mas coletiva. Ela passa pelo entendimento, pelo estudo, pela pressão por regulamentações que exijam transparência e, em última instância, por uma luta política sobre quem controla essas infraestruturas que mediam nossa realidade.

A consciência individual é o ponto de partida, mas a ação coletiva é o horizonte. O artifício é poder. E o poder sem controle popular é dominação.

Referências

Filmes e vídeos

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Autores e conceitos


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