Chegou a hora de explorar uma cadeira nova: na vida da empresa e na minha.

Começar algo novo é uma mistura de sentimentos, né? Sentimos empolgação misturada com medo e uma pitadinha de síndrome do impostor. 😅
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Desde o começo do ano, o portfólio de produtos que eu atendo na Stone cresceu (de 2 para 9) e recebemos novas pessoas na equipe (eu atendia 4 designers de produto, agora são 7). Surgiram também novas e grandes iniciativas de discovery e experimentações, tudo ao mesmo tempo.
E, então, a promoção chegou (🎉).
Eu já estava entendendo o rumo das coisas, mas foi aí que tive certeza: minha vida ia mudar pra valer. Com o novo cargo e a nova realidade, não ia rolar continuar com a mesma rotina e processos, por mais redondinhos que estivessem (ai, meu coração).
Precisei pensar em formas de lidar com os desafios que chegavam. Por isso, nos meus primeiros 90 dias como especialista, busquei:
- Mapear as principais necessidades do novo cenárioEntender as expectativas sobre meu novo cargoAdaptar processos rapidamente para garantir eficiência
Procurei artigos sobre a atuação de especialistas em content design ou UX writing no Brasil, mas não encontrei. Por isso, decidi compartilhar um pouco da minha realidade por aqui.
Vamos lá?
Como era antes?
Pra quem não me conhece (ou não se lembra), escrevi um artigo comparando a minha atuação na Stone como Content Designer dedicada a crédito e meu papel anterior, como UX Writer Cross na Blip. Nele, você encontra detalhes do meu dia a dia como analista sênior.
Mas aqui tem um resumo:
- Cocriar e revisar jornadas com designers de produto (os PDs);Mapear comunicações transacionais e revisar comunicações de CRM;Atualizar a FAQ de acordo com a experiência do app;Participar de todas as cerimônias da tribo de crédito;Participar de testes de usabilidade, conduzindo ou acompanhando;Revisar o conteúdo em ambientes de homologação (QA de conteúdo).
Era uma atuação mais operacional, focada no acompanhamento constante dos fluxos e documentações para garantir uma experiência consistente.
A real é que eu podia ser um polvo que controlava tudo sobre conteúdo na minha tribo — e foi uma delícia, não vou negar. 🐙
E o que mudou?
Basicamente, o controle do processo de escrita:
Agora, meu foco é documentar processos e capacitar pessoas, enquanto PDs ficam responsáveis pelos textos das jornadas, FAQ e réguas.
Vale dizer que eu não conheci nenhuma especialista em content design no meu time desde que cheguei à Stone. Estou desbravando esse novo caminho sozinha direcionada pela minha liderança e pela trilha de carreira, mas também fazendo propostas de entregas que eu acredito.
Vamos às minhas principais lições aprendidas como especialista até agora:
1. Temos que praticar o desapego
O cargo mudou, o foco também.
Algumas tarefas que eram minhas agora são exclusivas dos PDs. Não dá mais para revisar todo e qualquer conteúdo que eles façam.
Meu trabalho está menos ligado à escrita e revisão, e mais à estratégia de conteúdo e narrativa — especialmente para novos produtos, experimentações e projetos de maior incerteza. É uma atuação mais pontual, mas com expectativas maiores também.
A partir de agora, cabe a mim orientá-los da melhor forma para que sigam os processos e não deixem a peteca do conteúdo cair.
2. Capacitações e documentações: meus novos melhores amigos
Para oficializar as mudanças de escopo, apliquei workshops para design e produto da tribo que ajudam o time a entender melhor as entregas de conteúdo e a escrever aplicando técnicas de content first e de linguagem simples, acessibilidade e tom de voz.
Também reforcei documentações importantes usadas no dia a dia pelo time, como Guia de Redação, Glossários e o Repositório de Telas e Componentes.
Se quero garantir que a peteca continue no ar, preciso fornecer as melhores ferramentas para que as pessoas possam escrever sem ajuda.

3. Estar distante não é sumir da vida das pessoas
Para manter a proximidade com designers de produto, criei uma agenda de consultorias rápidas, abertas para qualquer pessoa da minha tribo.
Encontrei essa forma de ajudar a refinar narrativas e testes de conteúdo, revisar componentes, resolver dúvidas e, às vezes, só dar uma olhada crítica antes de uma entrega ir para o ar.
As consultorias ajudam a dar segurança pra mim e pra eles. E tem funcionado muito bem! Afinal, a mudança de escopo não é só minha.

4. Vou conviver com a abstração, mesmo sem gostar muito dela
Hoje, muitas das iniciativas em que estou envolvida ainda não têm uma solução proposta ou mesmo um problema 100% claro, o que pode ser muito confuso às vezes.
Nesses casos, entro para ajudar a definir problemas, direcionar e estruturar pensamentos, desenhar novas narrativas e propostas de valor, trazer provocações, articular com stakeholders, etc.
Agora as discussões estão muito mais teóricas. Quanto mais recursos eu desenvolver para traduzir abstrações para meu público, mais valor vou entregar.
Obs.: acho que esse é o meu maior desafio.
5. Posso provocar discussões de carreira (e isso é muito legal)
Com a promoção, tive a oportunidade de conversar com a alta gestão sobre como o time de content design se sente sobre a trilha de carreira na companhia.
Como consequência dessa conversa, puxei uma retrospectiva entre as designers de conteúdo, onde todas pudemos descrever o que funciona bem e que pode melhorar na atuação da nossa disciplina.
A partir de agora, vou poder contribuir em um projeto de estruturação do escopo de content design na Stone e, possivelmente, impactar nosso time com mais oportunidades de evolução de carreira (!!!).
Novas lições que ainda vão chegar
Além do que já aprendi, pretendo mexer em outras coisas. Por exemplo:
1. Estudos de conceitos
Eu ainda não tive oportunidade de conduzir estudos de conteúdo focados no entendimento de conceitos, como a forma de pagamento dos produtos de crédito. Quero trazer dados para orientar decisões, saindo um pouco do piloto automático que caímos ao definir termos em diferentes jornadas;
2. Experimentações de conteúdo
Vou buscar fazer cada vez mais experimentações focadas em conteúdo: desde testes a/b — que ainda não fazemos tanto no nosso dia a dia — como também métodos qualitativos de definição e compreensão de termos (até explorei métodos em um artigo com a Tamíz Freitas). Acho que, por aqui, temos muito a evoluir nesse caminho;
3. IA, né?
Agora é a hora dela. Quero pensar em como usar a IA para facilitar o acesso a documentações, aplicação de padrões de conteúdo e estruturação de novos processos. Ainda não explorei muito essa parte. Uso IA mais para explorar variações de conteúdo, por enquanto.
É bastante coisa, e mesmo com medo, estou cheia de energia pra fazer acontecer. (torce por mim? hehe)
Se tiver ideias e quiser conversar, me manda uma mensagem!
Artigos citados
- Comparando minha experiência como UX Writer cross e Content Designer dedicadaMuito além do teste de usabilidade: a pesquisa de conteúdo no processo de produto
5 lições aprendidas em 90 dias como Especialista em Content Design was originally published in UX Collective 🇧🇷 on Medium, where people are continuing the conversation by highlighting and responding to this story.